Especialistas apontam dez passos para combater a corrupção

G1 ouviu cientistas políticos, economistas e membros do poder público. Propostas vão desde combater 'caixa 2' até acabar com cabide de emprego.

Interromper o fluxo de dinheiro que alimenta a corrupção demanda muito mais do que fazer uma boa escolha nas urnas e cobrar ética dos governantes. No dia 9 de dezembro de 2003 o Brasil e mais 111 países assinaram a Convenção das Nações Unidas contra a corrupção, e o dia ficou conhecido desde então como dia internacional contra a corrupção.

O G1 procurou especialistas nas áreas de ciência política, administração pública, economia e representantes do poder público para saber o que é possível fazer, na prática, para combater fraudes em prefeituras e governos.

Combater o ‘caixa dois’

O “caixa dois” sempre cobra retorno, diz o cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Marco Antônio Teixeira, que defende maior controle sobre doações para evitar que financiamento de campanha vire financiamento de lealdade após as eleições. “O custo da política é tão alto que isso acaba comprometendo o político muito mais com quem financia a campanha do que com o eleitor (…) o candidato busca apoio aqui e ali, e obviamente vai tentar devolver esse apoio sob a forma de prestação de serviço e favores. Isso quando não fica depende do grupo que captou dinheiro para ele. Aí você transforma o governo em um clube restrito aos interesses dessas pessoas”, diz.

Acabar com o cabide de emprego

Acabar com o cabide de emprego é a solução apontada pelo professor de Finanças Públicas da Universidade de Brasília (UnB), José Matias Pereira. De acordo com ele, a administração pública tem que ser conduzida por funcionários de carreira, que devem ser selecionados por vocação e cobrados por desempenho. “Quem é de carreira conhece o funcionamento da sua área e permanece na instituição quando termina o governo. [Se] a pessoa chega ao setor público de paraquedas, na hora que o padrinho dela sai, volta para sua região e nunca mais se ouve falar dela.”

Fortalecer partidos

“Se nós queremos eliminar o fenômeno do mensalão, temos que fortalecer os partidos e enfraquecer os poderes individuais dos parlamentares”, diz o cientista político Bruno Speck, da Unicamp. Para isso, ele defende uma cláusula de barreira que estipule um percentual mínimo de votos para um partido. “Quando você tem menos partidos, esses poucos partidos, por serem maiores, têm mais poder sobre os deputados. Isso faz com que as negociações girem mais em torno de acordos políticos e não de acordos individuais.”

Mais participação em conselhos

Você já participou de algum conselho da prefeitura ou de alguma audiência pública sobre orçamento? Não? Pois saiba que neles, é possível ajudar a planejar e fiscalizar gastos. “Muitos governos criam conselhos apenas para cumprir a lei. Se a prefeitura não tem conselho de merenda escolar, não recebe o repasse. A sociedade também fecha os olhos a isso, tanto é que alguns governos fazem audiência pública e só comparecem cinco pessoas”, diz o economista Valdemir Pires, coordenador do curso de Administração Pública da Unesp.

Simplificar processos

É nas entrelinhas de processos confusos, cheios de detalhes e exigências que se criam oportunidades para desvios, diz o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Ivan Beck, doutor em Administração e pesquisador da área de gestão pública, que defende a desburocratização do setor público. “Em licitações onde há um processo seletivo muito complexo, exigente, é onde você facilita arranjos entre empresas que vão ganhar, que vão trocar. E não se controla posteriormente essas empresas, quem ganha e quem não ganha”, aponta.

Mais rigor para orçamentos e gastos

Segundo o economista Valdemir Pires, da Unesp, os orçamentos públicos devem ser “mais sérios”. “Ele (orçamento) se altera completamente na hora da execução. Ao final, não se tem aquilo que se planejou. Não é um instrumento nem de planejamento, nem de controle adequado. Tem que sair da condição de rito legal e ser instrumento de planejamento e transparência.” Ivan Beck, da UFMG, defende a criação de leis que impeçam a “flexibilidade” para aprovar gastos por meio de rubricas ”em coisas que não têm nada a ver com o interesse público”.

Fortalecer órgãos de controle

Tribunais de contas são órgãos de controle externo dos gastos públicos, encarregados de analisar prestações de contas. Ivan Beck, da UFMG, diz que esses órgãos precisam de mais funcionários e capacitação. Os servidores, segundo ele, devem conhecer a realidade de secretarias, prefeituras e governos para ter discernimento sobre o porquê de determinadas ações. “Alguns casos são de corrupção, outros casos são de total falta de alternativa de ação, que se confunde com desvio. [É preciso] evitar perda de tempo de ficar procurando gastos com café, com compra de pizza, e [não] deixar de lado outros desvios grandes que não são coibidos.”

Reduzir número de recursos

“A gente não pode tratar um desvio de recursos públicos num montante expressivo como se fosse um roubo de um supermercado. Crime de corrupção deveria ter caráter mais ágil porque a sociedade está ficando desiludida”, diz o secretário-geral do Tribunal de Contas da União (TCU) na Paraíba, Rainério Leite, que coordena o Fórum de Combate à Corrupção no estado. Para combater impunidade e desilusão, ele defende encurtar o caminho percorrido pelos processos. “Tem cinco ou seis recursos que podem ser interpostos ao longo de vários anos. A gente precisa reestudar a legislação para que a resposta do Estado nesses casos seja muito mais imediata.”

Agilizar cumprimento de pena

O vice-presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, Wellington Saraiva, diz que há um “estímulo ao atraso processual” no país. “Qualquer cidadão que seja processado tem direito de recorrer à segunda instância e, dependendo do caso, ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Supremo Tribunal Federal (STF). Há dois anos, o Supremo disse que, se o cidadão estiver respondendo ao processo em liberdade e for condenado, só começará a cumprir a pena depois que o processo for confirmado por todas essas instâncias.”

Alterar prazo de prescrição de crimes

Para o procurador regional da República Wellington Saraiva, o sistema legal de prescrição gera impunidade. “Mesmo que o cidadão seja condenado, se o processo demorar determinado prazo – e mesmo que demore por causa de recursos da defesa – a punição é extinta e o processo vai para o arquivo. Por exemplo, para um crime que tenha pena de um ano de prisão, a lei estabelece que o prazo de prescrição é de quatro anos. Então, o advogado sabe que basta recorrer e fazer o processo demorar mais de quatro anos para o cliente dele jamais cumprir pena de prisão”, diz.

Fonte: G1

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AMARRIBO Brasil é contra a PEC 37

Está em votação no Congresso Nacional uma Proposta de Emenda Constitucional, a PEC 37, também conhecida como "PEC da Impunidade", que tira o poder de investigação dos Ministérios Públicos Estaduais e Federal. Caso seja aprovada, praticamente deixarão de existir investigações contra o crime organizado, desvio de verbas, corrupção, abusos cometidos por agentes do Estado e violações de direitos humanos.

A AMARRIBO Brasil em seus 13 anos de atuação reconhece a importância do Ministério Público e se posiciona contra a PEC 37. Para João Alberto Ianhez, conselheiro da AMARRIBO, o Ministério Público é importante em todas as suas atribuições atuais. “Em muitos dos fatos ocorridos em Ribeirão Bonito o MP teve papel importante para levantarmos provas”.

A Constituição Federal permite que o Ministério Público investigue, assim também o fazem outras leis como, a Legislação Eleitoral, o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Estatuto do Idoso. O STF já proclamou que o MP também deve investigar. A proposta ainda pode impedir que outras Instituições também investiguem (Receita Federal, COAF, TCU, CPIs etc).

“A PEC é proposta por pessoas que provavelmente querem viver na impunidade e se aproveitarem ainda mais, do marasmo que envolve essas áreas. Não tenho dúvidas de que, com a aprovação desta PEC os corruptos se sentiriam mais a vontade para levarem avante seus atos com maior tranquilidade. A corrupção aumentaria de forma generalizada, principalmente em cidades de pequeno e médio porte, nas quais o Ministério Público exerce com maior ênfase o papel de investigação”, completa Ianhez.

A AMARRIBO Brasil apoia a campanha ‘Brasil contra a Impunidade’ e convoca toda a sociedade a se manifestar contra a PEC e se mobilizar para que a mesma não seja aprovada.

Assine aqui o abaixo-assinado: http://migre.me/csXhQ

Saiba mais da campanha aqui: http://www.facebook.com/brasilcontraimpunidade

*João Alberto Ianhez é membro fundador da AMARRIBO Brasil. Formado em Relações Públicas, é consultor com mais de 50 anos de experiência. Atuou como executivo na General Eletric, Bolsa de Valores de São Paulo, Grupo Feníncia e Informa Brasil. Foi Presidente do Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas (CONFERP) e do Conselho Regional de Relações Públicas – 2ª Região (CONRERP). É membro fundador e Conselheiro da Associação Brasileira de Dislexia. Autor do livro “O Combate à Corrupção nas Prefeituras do Brasil”.

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Inspiração, Transparência e Conquistas para 2013

2012 foi um ano de desafios, mas também de conquistas para o Brasil e para o mundo. Observamos de um modo evidente que no mundo todo cresceu o desejo de combater a corrupção.

Das mobilizações iniciadas em 2011, que desalojaram ditadores déspotas no Oriente Médio, a primeira eleição Ficha Limpa no Brasil. Da reeleição de Obama nos EUA a dificuldade dos países da Ásia e da África de se tornarem sociedades onde a vontade de seus cidadãos seja feita ou ao menos escutada.

O ano de 2012 foi especialmente importante para o Brasil. Tivemos a oportunidade de fortalecer as nossas instituições e limitar a corrupção em algumas áreas. Avanços ocorreram na legislação brasileira, em destaque a Lei da Ficha Limpa, de iniciativa popular, que impede que pessoas condenadas pela Justiça exerçam cargos públicos, e a Lei de Acesso a Informação, que teve a fundamental participação e empenho da Presidente Dilma.

Porém, a luta contra a corrupção vai além das leis. É uma luta árdua e pressupõe muita energia para manter a continuidade dos propósitos frente às dificuldades que se interpõem no curso do movimento. É necessária transparência, empoderamento, acesso à informação e responsabilização.

Lutar pela cidadania é enfrentar dragões. Não há nada mais trágico neste mundo do que saber o que é certo e não fazê-lo. Acreditamos que uma sociedade íntegra, transparente e com acesso a informação é o caminho para que a corrupção seja considerada inaceitável por todos. E que através da participação cidadã conseguimos transformar a sociedade, não só com melhores serviços públicos para atender os que mais precisam, mas principalmente ao estimular, apoiar, difundir valores éticos e morais que criam raízes e fazem parte do DNA da cidadania para transformar o Brasil.

Aos nossos amigos, companheiros e parceiros, desejamos que a esperança do Natal inspire nossas ações em 2013!

Um Feliz Ano Novo repleto de conquistas, valores éticos e sonhos realizados!

AMARRIBO Brasil

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2012 foi o ano em que mais morreram jornalistas desde 1995

Com 88 mortes, 2012 foi o ano em que mais morreram jornalistas em todo o mundo desde a primeira publicação anual dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF), em 1995, indicou a organização de Defesa da Liberdade de Imprensa com sede em Paris.

Números globais dados pelo RSF são vertiginosos: 88 jornalistas mortos (+ 33%), 879 jornalistas presos, 1.993 jornalistas agredidos ou ameaçados, 38 jornalistas sequestrados, 73 jornalistas fugiram de seu país, 6 funcionários de meios de comunicação mortos, 47 'webcidadãos' e jornalistas ativistas mortos, 144 blogueiros e 'webcidadãos' detidos, até 18 de dezembro de 2012.

A organização ressalta, no entanto, um "declínio relativo" na América do número de jornalistas mortos em atividade profissional. O número foi de 15 jornalistas.

"O número historicamente alto de jornalistas mortos em 2012 é atribuída principalmente ao conflito na Síria, o caos na Somália e a violência do Taliban no Paquistão", disse a organização.

Na América Latina, a RSF denuncia em particular a situação no México e no Brasil, que fazem parte, junto com os três países citados anteriormente, do grupo dos cinco países com maior índice de morte de jornalistas, segundo a organização.

No México, os jornalistas estão "na mira do crime organizado" e seis deles foram mortos, disse o relatório.

"A violência exponencial em seis anos ofensiva federal contra os cartéis recaí sobre jornalistas que ousam abordar questões relacionadas ao tráfico de drogas, corrupção, infiltração da máfia entre as autoridades locais e federais e violações dos direitos humanos atribuídos às mesmas autoridades ", explica.

No Brasil, onde cinco jornalistas foram mortos, "o tráfico de drogas na fronteira com o Paraguai aparece claramente como a causa" das mortes, diz RSF.

Com relação à repressão e ataques contra jornalistas na América Latina, a RSF afirma que "a repressão em Cuba contra blogueiros dissidentes e jornalistas foram intensificadas novamente desde 2011" e "o Peru mantém o triste recorde de agressões anuais, que em cada edição da publicação aumenta cerca de uma centena de agressões".

Mas "os aumentos mais notáveis na agressão são registrados na Argentina, no Brasil e no México. No primeiro caso, esta situação é atribuída à crescente polarização, ao clima eleitoral tenso e violento e agitação política pré e pós eleições, um contexto de violência ainda alarmante", estima a organização.

Por fim, "a Colômbia é o único país a registar um declínio no que diz respeito à agressão. No entanto, o país continua a ser um dos mais violentos do continente para jornalistas, junto com Honduras e México ", segundo a RSF.

Fonte: AFP
Tradução Livre: AMARRIBO Brasil

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Ferramenta permite encaminhar pedidos de informação anonimamente

Lançado no último sábado (15/12), o site Adote um Pedido pretende contornar um obstáculo da Lei de Acesso à Informação brasileira: a necessidade de identificação do solicitante

Um grupo de ativistas da comunidade Transparência Hacker colocou em prática uma ideia simples para garantir o direito de acesso à informação a toda(o) cidadã(o): um site para armazenar solicitações de informação pública sem que o autor do pedido precise se identificar.

Ao cadastrar uma solicitação no Adote um Pedido (adoteumpedido.info), o usuário “doa” um pedido de informação para que qualquer outra pessoa possa “adotá-lo” e encaminhá-lo, ali mesmo, ao órgão público responsável.

De acordo com os criadores do site, a ideia surgiu da constatação de que muitas pessoas se veem impedidas de exercer a liberdade de expressão e o seu direito de acesso à informação por medo de intimidações e represálias – é o caso de funcionários públicos ou de outras pessoas que conduzem investigações e necessitam manter o sigilo de suas fontes.

Isso porque a Lei de Acesso à Informação brasileira (Lei nº 12.527/2011) estabelece, em seu artigo 10, a obrigatoriedade de identificação dos requerentes da informação. No Adote um Pedido, o solicitante oficial passa a ser aquele que adotou o pedido, preservando a identidade do autor original.

Sigilo garantido

Todo o processo do Adote um Pedido é sigiloso. Para doar pedidos ou comentá-los, não é necessário fazer nenhum cadastro. Além disso, a tecnologia com que o site foi desenvolvido garante que nenhuma informação do usuário fique registrada (como endereço de IP ou informações sobre o horário específico de envio).

O site também permite que se enviem comentários aos pedidos colocados para doação, de modo que sua redação possa ser aperfeiçoada ou ampliada por outras pessoas antes do envio. Nas instruções do site, o usuário é orientado a não incluir no texto de sua solicitação detalhes que possam de alguma forma identificá-lo.

Uma vez adotados, os pedidos podem ser encaminhados em poucos passos aos órgãos públicos por meio do Queremos Saber, plataforma livre também criada pela THacker para pedidos de informação. Ali tudo fica registrado: os pedidos e as respostas dos órgãos públicos, diferentemente da forma como hoje acontece nos Serviços de Informação ao Cidadão (SIC) pelo Brasil.

O Adote um Pedido foi desenvolvido como software livre, o que permite que qualquer pessoa possa acessar seu código-fonte ou instalar outra versão em qualquer lugar do mundo.

Conheça o Adote um Pedido: adoteumpedido.info

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Procurador-geral de SP ataca projeto que veta investigações

O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Márcio Elias Rosa, 49, teme a anulação de todo o processo sobre o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), caso seja aprovada a Proposta de Emenda à Constituição que extingue o poder de investigação do Ministério Público –a PEC 37. “O Ministério Público sempre teve o poder investigatório. O maior êxito das investigações ocorre quando ele atua em conjunto com a polícia”, diz.

A que o sr. atribui a ideia da PEC 37?

Nos últimos anos ganharam visibilidade muitas ações baseadas em investigações feitas pelo MP sobre temas sensíveis. A súmula vinculante que proíbe o nepotismo é fruto de uma ação do MP. A redução do número de vereadores é tese do MP. No campo criminal, ações do MP denunciando crimes contra a administração pública. Na medida em que isso se concretiza, cria dois discursos equivocados: que é preciso enfraquecer o MP e que esse enfraquecimento vai fortalecer outras carreiras como a polícia.

A quem interessa a PEC 37?

Aos que não querem a responsabilização e aos que supõem que sairão fortalecidos. É um interesse corporativista equivocado e um desejo desmedido de impunidade de alguns muito poderosos que ocupam posições estratégicas. Ou é o poder político ou é o poder econômico.

É uma retaliação às condenações do mensalão?

Sempre surgiram propostas dessa natureza antes do mensalão. Há um equivocado concurso de outras pessoas, como as carreiras policiais.

Há alguma dúvida de que o MP pode fazer investigação?

Nenhuma dúvida. A Constituição não estabelece reserva de mercado para a tarefa de investigação. Ela dá ao MP três atribuições: o controle externo da atividade policial, o poder de desencadear as ações penais nos processos criminais e a fiscalização dos poderes públicos. Como o MP pode exercer o controle externo se não puder investigar?

O que determina que o promotor deve fazer uma investigação independente?

É o caso concreto. São as circunstâncias, a gravidade, as dificuldades de obtenção de prova. Em 90% ou mais das hipóteses a polícia vai continuar investigando. O MP não existe para investigar. Um caso emblemático é o do médico Roger Abdelmassih [condenado sob acusação de abusar de pacientes]. As vítimas procuraram o MP. Talvez não se sentissem confortáveis para procurar a polícia.

O que acontecerá se o cidadão vier a depender apenas da Polícia para a investigação?

O risco do cidadão comum é não ver concretizada a proteção integral dos direitos fundamentais. Representaria um grave retrocesso. Vamos lembrar os anos 70, o Esquadrão da Morte. Quem investigaria os abusos da polícia?

E se a PEC 37 for aprovada?

Se a PEC for aprovada vamos ter enorme insegurança jurídica. Ainda que o STF declare sua inconstitucionalidade, isso vai consumir meses ou anos. Ficaremos no limbo durante esse tempo.

A aprovação da PEC põe em risco casos já apurados?

Em tese, prova feita por quem não pode investigar é prova ilegítima. Se o MP não puder investigar é possível que um juiz tranque uma ação, negue um mandado.

O sr. pode citar casos?

Em tese, o caso do médico Roger Abdelmassih. O depoimento oferecido por Marcos Valério é uma prova que não poderia ter sido produzida pelo MP. O caso de Santo André, o homicídio de Celso Daniel, é o mais emblemático.

Fonte: Folha de São Paulo

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Sete meses após sanção da lei, transparência só no papel

Ainda não há regulamentação da Lei de Acesso à Informação em 15 estados e no STF.

Resultado de uma longa batalha no Congresso, o texto se estende aos três Poderes, tribunais de contas e ministérios públicos. No entanto, além da lei em si, sancionada em 16 de novembro de 2011, cada Poder, nos três níveis de governo, deve regulamentar o passo a passo do acesso à informação e especificar, por exemplo, para onde serão encaminhados os pedidos, além do departamento que vai atuar como instância de recursos quando algum dado for negado. Até agora, entre os estados, apenas Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina e São Paulo fizeram a regulamentação.

"Como cidadão, acho lamentável que os estados ainda não tenham feito a regulamentação" — critica o ministro Jorge Hage, da Controladoria-Geral da União, pasta responsável pela gestão da lei no Executivo federal.

Entre as prefeituras, grande parte ainda discute como isso será feito.

"O problema é que as prefeituras têm um impacto muito grande na vida das pessoas. Nem o Supremo regulamentou. Sem isso, a lei não vai virar realidade"— alerta o pesquisador da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo Fabiano Angélico, autor de uma dissertação sobre o tema.

No Supremo, a expectativa é que essa e outras pendências administrativas sejam decididas após o fim do julgamento do mensalão. A Comissão de Regimento Interno da Corte, composta pelos ministros Joaquim Barbosa, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio Mello, deverá decidir como vai ser a regulamentação. A matéria aguarda o posicionamento de Joaquim Barbosa. Como só haverá mais uma sessão administrativa até o fim do ano, a expectativa é que a regulamentação só ocorra em 2013.

"É uma lei fundamental para o Brasil e esperamos regulamentá-la em breve" — explica o ministro Marco Aurélio Mello.

No Senado e na Câmara dos Deputados, a lei ainda não é cumprida plenamente. Para se ter acesso aos salários dos servidores, nome a nome, é necessário um cadastro. Os dados pessoais de quem solicita a informação são enviados para o servidor cujo vencimento foi pesquisado. Isso já criou episódios como o de uma servidora que enviou e-mail em tom ameaçador ao cidadão que buscou saber seu salário. Diretor da ONG Contas Abertas, o economista Gil Castello Branco lembra que os entraves do Congresso impedem ainda que sejam identificados supersalários ou comparadas distorções salariais.

"A Casa Branca divulga os salários de seus funcionários há anos. Mais de 90 países já tinham essa lei antes do Brasil. Aqui a cultura da informação reservada está muito sedimentada. O burocrata que está em qualquer desses órgãos, seja ele concursado, comissionado ou eleito, é um mero gestor. Os donos da informação somos nós" — defende Castello Branco.

Mas, no próprio governo federal, ainda existem obstáculos a serem vencidos. O principal deles é o baixo conhecimento da lei entre a população, tarefa que poderia ser cumprida pelo governo federal. O ministro Jorge Hage lamenta a falta de verba para fazer uma campanha publicitária de massa.

"Infelizmente, não temos recursos para publicidade. Temos dificuldades. Acaba que a divulgação fica no boca a boca. Em 2013, também não teremos recursos" — constata Hage.

A CGU decidiu abrir para os estados e prefeituras o código fonte do e-Sic, sistema on-line criado pelo ministério para que o cidadão possa fazer de forma fácil um pedido. A partir de 2013, serão oferecidos treinamentos para servidores estaduais e municipais sobre o funcionamento da lei.

Fonte: O Globo

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O que é necessário para restaurar a fé no sistema financeiro?

Em entrevista, Anna Bossman, Diretora do Departamento de Integridade e Anticorrupção, Banco Africano de Desenvolvimento, fala sobre a confiança no sistema financeiro.

As pessoas costumam falar dos riscos das empresas estrangeiras quando fazem negócios na África. Quais são os riscos para os países africanos quando eles fazem negócios com empresas estrangeiras?

Eu acho que o principal é a morte do empreendedorismo. Na África costumamos dizer que o pequeno empresário é realmente quem domina a economia e, quando as grandes empresas estrangeiras chegam, eles sucumbem com elas. Elas acabam com o pequeno empresário, porque têm mais dinheiro. Vou dar um exemplo: minha mãe tinha uma pequena empresa de aluguel de artigos para eventos. Ela estava dando conta do recado. Não precisava de muito capital inicial, mas chegou a ter 15 pessoas trabalhando para ela, e eles só alugavam toldos, mesas e cadeiras. E chegaram as empresas estrangeiras. Claro que tinham mais dinheiro e acabaram com eles. É realmente uma pena, porque o pequeno empresário na África é o único que ajuda aos outros.

O que você acha que precisa ser feito para restaurar a confiança no mundo do dinheiro?

A primeira coisa a ser feita é tentar e conseguir receber o dinheiro de volta. Toda evasão ilegal, todo o dinheiro que saiu – tentar reavê-lo. Também é importante ter boas leis. Mas, além das leis, já que temos leis muito boas, também precisamos fazer as leis valerem, e é o que falta. Porque as leis não valem. Por causa de interesses velados. As mesmas pessoas que fazem as leis, são as mesmas que farão com que a lei não os atinja. Por isso que quando a lei consegue pegá-los, não há sanções contra eles. Este é o principal problema. Eu acho que vocês ouviram sobre isso nas sessões – é preciso dar um basta à impunidade. Este é um problema muito, muito grande. As leis são boas. É preciso ter leis, mas é necessário que elas sejam cumpridas.

Como podemos fazer com que a riqueza dos recursos naturais beneficie as pessoas que moram nesses países?

Mais uma vez, trata-se de liderança. Mas não é só liderança. As grandes empresas também precisam seguir as regras. Eu trabalhei com uma empresa multinacional. Faz muito tempo, mas à época eu não percebi como essas empresas petrolíferas e de mineração estavam tirando sem dar em troca. Mesmo quando davam em troca, a compensação nunca era justa. Outro dia eu estava explicando a uma pessoa que quando você diz que está compensando pela terra que você tomou, é necessário lembrar que as plantações na terra que eles cultivam já vêm de gerações. Quando você dá dinheiro a eles, você não os recuperou ou compensou – este é um grande problema. É isso que mantém os pobres sempre pobres.

O texto acima é um recorte de uma entrevista disponível em www.vimeo.com/15iacc

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MP luta contra limite de poder de investigação pela polícia

Intitulada Brasil contra a Impunidade, a campanha pretende mobilizar a população inicialmente por meio da internet, com divulgações em redes sociais

Brasília – Associações representativas de membros do Ministério Público lançaram hoje (11), em Brasília, uma campanha para chamar a atenção da sociedade aos efeitos da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 37/2011, que pretende limitar os poderes investigativos das polícias Civil e Federal na esfera criminal, inviabilizando a atuação de outros órgãos como o MP.

Intitulada Brasil contra a Impunidade, a campanha pretende mobilizar a população inicialmente por meio da internet, com divulgações em redes sociais. A partir do ano que vem, serão promovidas audiências públicas em diversos estados, e os resultados serão encaminhados a parlamentares, para pressioná-los a rejeitar a proposta. Também como parte da mobilização, será entregue no início da tarde de hoje uma carta ao presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), com os motivos pelos quais a categoria é contrária à PEC, que foi aprovada por comissão especial da Casa Legislativa.

De acordo com o presidente do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais, Oswaldo Trigueiro, a “PEC da Impunidade”, como foi apelidada, representa o enfraquecimento da sociedade brasileira. Ele enfatizou que não se trata de uma luta corporativa, mas de um movimento em defesa da democracia. “Essa PEC é um equívoco, um retrocesso. A polícia deve continuar conduzindo o inquérito. Ela é técnica e sabe fazer isso, mas o Ministério Público deve coordenar a investigação, até porque somos os destinatários dessa investigação”, disse, durante o lançamento da campanha.

Trigueiro acrescentou que a PEC poderá gerar insegurança jurídica, na medida em que permitirá que réus em procedimentos criminais suscitem questionamentos processuais sobre supostas nulidades, retardando as investigações e colocando em liberdade responsáveis por crimes. Ele citou o caso do julgamento da Ação Penal 470, cujos réus poderiam questionar as condenações com a aprovação da PEC. “[Com isso] as investigações produzidas no ambiente do Ministério Público passariam a sofrer esse tipo de questionamento, o que pode gerar inúmeras discussões jurídicas”, disse.

Fonte: Agência Brasil

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IFC e ONG Batra- Bauru divulgam relatorio da Caravana da Cidadania

Caravana da cidadania é um sucesso e relatório da auditoria é entregue ao poder público

Nos dias 22 e 23 de novembro, aconteceu a “Caravana da Cidadania” de Bauru, iniciativa do IFC apoiada pela BATRA – Bauru Transparente. A ação “A ação tinha cmo objetivo visitar 2 postos de saúde, no entanto foram visitados 6 postos de saúde sendo 2 postos da Unidade de Saúde da Família e 4 Unidades Básicas de Saúde. Fiiscalizado e avaliado o funcionamento, foi formulado um relatório e entregue para a prefeitura destacando os principais problemas verificados nas visitas.

O evento foi um sucesso. Muitos cidadãos participaram da caravana e o relatório criado a partir das visitas ficou do agrado dos organizadores (tanto da BATRA quanto do IFC). O encerramento da caravana se deu no dia 23 em entrevista coletiva que aconteceu no gabinete do prefeito.
Além do próprio prefeito Rodrigo Agostinho, estavam presentes na coletiva Fernando Monti, secretário de saúde da cidade, Pedro de Oliveira Machado, membro do Ministério Público, Alvérsio Santinoni, presidente da Batra – Bauru Transparente, e Henrique Ziller, membro do IFC.
Na coletiva, todos tiveram a palavra em algum momento, começando por Alvérsio e Ziller. Falando como organizadores, ambos discorreram sobre os objetivos da caravana e ressaltaram a dedicação dos funcionários que estavam nos postos. Pedro de Oliveira falou brevemente na sequência e fez vários elogios à “Caravana da Cidadania” e à BATRA.

Agostinho usou sua vez de falar para levantar questões sobre a aparelhagem do sistema de saúde, explicar as reformas que estão sendo feitas na área e tocar também no tema da Lei de Acesso à Informação, aproveitando a presença da Batra. Seguindo Agostinho, o secretário de saúde, Fernando Monti, falou sobre a importância de se estabelecer um diálogo entre poder público, população e organizações como a BATRA e o IFC.
Posteriormente, Fernando Monti e Henrique Ziller, em entrevista à BATRA, falaram sobre o relatório que foi entregue, considerando as providências exigidas e o tempo previsto para que elas sejam feitas.

Quanto às questões estruturais, como aumento de cômodos ou obras de acessibilidade, Monti disse que é importante considerar que existe uma reforma em andamento para melhorar as instalações: “Esse plano de reestruturação depende da unidade (…) tem unidades que sofrerão pequenas reformas para melhorar a condição e reequipálas e tem unidade que vai ser ampliada mesmo (…). Além disso, nós estamos construindo cinco novas unidades e colocando em funcionamento uma que está desativada.”.
A questão mais contestada a princípio pelo secretário foi mesmo a estipulação de prazos. Segundo Fernando, as soluções urgentes, que sugerem um prazo de 30 dias, apenas poderão ser obtidas dentro desse prazo se já estivessem no planejamento da prefeitura, uma vez que a compra de qualquer tipo de material ou equipamento não pode ser feita em tão pouco tempo a partir da data em que é avaliada como necessária. O secretário pondera ainda “Eu não sei se essa sugestão deles contempla este caminho burocrático que nós somos obrigados a perseguir. (…) Em 30 dias, você só consegue fazer compras de emergência, mas a compra de emergência não é uma coisa muito recomendável.”.

No que diz respeito aos prazos, Henrique Ziller falou de forma mais amena, deixando claro que eles não são necessariamente fixos e que, por ser a primeira vez que o IFC estipula prazos em seus relatórios de auditorias e por tudo ter sido feito tão rapidamente, é possível que existam equívocos: “Pode haver erros pontuais, não tenha dúvidas, nós fizemos tudo em um dia e é difícil fazer, mas pode ter certeza que a gente leva em consideração a realidade da administração pública ao fazer essa definição dos prazos que a gente sugere. Obviamente a gente não tem condição de impor isso ao poder público.”.
O que se tira de fundamental da realização da “Caravana da Cidadania” é que os membros do poder público abriram espaço para o diálogo, se comprometeram a analisar as necessidades explicitadas no relatório e compreenderam que os organizadores da ação estão, assim como eles, do lado de Bauru e têm como único objetivo a melhoria da cidade. Daqui pra frente, a fiscalização e a cobrança em cima dessa auditoria continuarão e a BATRA – Bauru Transparente se compromete a fazer esse trabalho pela população.

Fonte: BATRA

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