Não há o que negociar, caros governantes

Por Henrique Ziller*

O Governo está perplexo com os fatos que se sucedem. Algumas vozes já manifestaram o desejo de conversar e negociar com os líderes do movimento. Duas dificuldades se impõem, nessa situação: não existem lideranças claras e legitimadas, e, não há o que negociar.

A mensagem desse movimento é muito simples: governem!

O modelo de governabilidade adotado pelos governos (federal, estaduais, distrital e municipais) provocou o resultado oposto ao desejado: é a receita do desgoverno. Parlamentares são tratados como crianças birrentas que não são disciplinadas pelos pais, ao contrário, para aplacar suas constantes e crescentes crises de vontades recebem maiores e mais polpudos presentes. É hora de promovê-los à maioridade e mandar que façam o que têm de fazer. É hora de convocar políticos sérios a uma coalizão programática – chega de distribuir presentes às crianças, essa fórmula se exauriu.

Nossa expectativa é muito simples, e está expressa na Constituição Federal: façam sua parte para construir uma nação livre, justa e solidária. Isso significa governar para a nação, para a coletividade. Isso significa parar de fazer do orçamento público um caixa de favorecimentos internos, para essas massas disformes que são as coalizões políticas de apoio aos governos.

Não, não é fácil. Aplacar a ira desse monstro insaciável não é tarefa fácil. Dilma tem coragem suficiente para tomar uma decisão como essa. Não creio que próximo a ela surja qualquer apoio para uma medida extrema como essa. Deveriam avaliar, no entanto, que seu futuro político eleitoral está em jogo, que a campanha presidencial de 2014 começou muito antes do que se imaginava.

Governe, presidenta Dilma, é só isso que queremos! Governe, governador Agnelo, é só isso que queremos!

*Henrique Ziller é auditor federal de controle externo no TCU – Tribunal de Contas da União, diretor do IFC – Instituto de Fiscalização e Controle – e conselheiro da AMARRIBO Brasil.

Originalmente publicado em: http://www.ziller.com.br/blog/?p=548

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Corrupção é principal motivação de manifestantes em SP, diz Datafolha

Apesar de a principal pauta das manifestações em São Paulo ser a redução das tarifas do transporte público, o principal motivo de participação foi a luta contra a corrupção, de acordo com pesquisa Datafolha realizada durante o protesto da última quinta-feira (20).

Metade dos entrevistados citou a corrupção como a principal bandeira. Em seguida aparecem queda na tarifa (32%), contra os políticos (27%), melhora na qualidade do transporte (19%) e contra a PEC 37 (16%) –a soma dá mais de 100% porque puderam citar mais de um motivo.

A margem de erro da pesquisa, que entrevistou 551 manifestantes durante toda a manifestação na avenida Paulista, é de 4 pontos percentuais para mais ou para menos.

O perfil dos manifestantes traçado na pesquisa mostra que a maioria é homem (61%), tem nível superior (78%) e não possui nenhum partido de preferência (72%). Outra característica comum era a predominância do transporte público como forma de locomoção. O mais utilizado pelos manifestantes é o metrô (79%), seguido do ônibus (64%), trem (21%) e do carro (20%).

Em média, os manifestantes lutavam para que a tarifa fosse de R$ 2 –46% pediram que chegasse no máximo a este valor. A próxima causa do MPL (Movimento Passe Livre), a tarifa zero, foi defendida por apenas 25% das pessoas.

Fonte: Folha de São Paulo

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