Regulamentação da Lei Anticorrupção deve melhorar ambiente de negócios

Incentivar a estruturação de sistemas de integridade corporativa e criar parâmetros para que os gestores públicos autorizados possam aplicar sanções adequadas a cada caso de corrupção identificado dentro das empresas privadas. Estas são as diretrizes do decreto regulamentador da Lei 12.486, a chamada Lei Anticorrupção, que está em fase final de elaboração na Controladoria-Geral da União (CGU).

A informação foi prestada pelo secretário de Prevenção da Corrupção e Informações Estratégicas da CGU, Sérgio Seabra, no Seminário Anual do Pacto pela Integridade e contra a Corrupção, promovido em São Paulo pelo Instituto Ethos, em parceria com a CGU, a Rede Brasileira do Pacto Global, a Patri Políticas Públicas, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), o Instituto Brasileiro de Direito Empresarial (Ibrademp), a Articulação Brasileira contra a Corrupção e a Impunidade (Abracci), a Amarribo Brasil e o Uniethos, realizado no dia 3 de dezembro.

A tramitação do decreto dentro do governo e a aproximação da data de vigência da lei, dia 29 de janeiro de 2014, levaram o gerente executivo de Políticas Públicas do Instituto Ethos, Caio Magri, a exortar as empresas a participar do processo de regulamentação democraticamente estabelecido pela CGU. “Participação agora é fundamental, para não truncar o processo”, disse ele, ao lembrar que o Ethos coordena o processo de diálogo, recolhendo questões a partir dos programas de compliance das empresas para contribuir no aperfeiçoamento da regulamentação.

Na mesma mesa de debate sobre “Impactos da Nova Lei 12.846 em Sistemas de Compliance”, o sócio e CEO da Patri Políticas Públicas, Eduardo Carlos Ricardo, afirmou que essa participação faz parte do processo, porque “não existe lei perfeita e não caminhar em função disso não é produtivo”. Segundo ele, “já é um grande progresso aprovar uma lei dessa natureza em meio a 23 mil proposições que estão em discussão no Congresso”, de acordo com levantamento da Patri. O projeto de lei encaminhado pelo Executivo ao Legislativo em 2010 foi votado e promulgado no início de agosto deste ano, como parte da agenda positiva estabelecida pelo governo em resposta às manifestações populares de junho, na opinião de Ricardo.

Responsabilidade objetiva

O deputado federal Carlos Zaratini (PT/SP) assinalou que o projeto de lei, do qual foi relator, tem como eixo o conceito da “responsabilidade objetiva”, que prevê “punição da empresa independentemente da comprovação de o ato de corrupção ter ou não ocorrido com conhecimento da direção”. Ele previu que com a lei “vamos ter punições efetivas”, em razão da autorização para que os gestores públicos dos três Poderes, nas três esferas (municipal, estadual e federal), apliquem multas “rapidamente, a partir da instauração de procedimento administrativo”, afastando a possibilidade de as empresas desqualificarem o processo no Judiciário.

“O instrumento de responsabilização administrativa é muito elogiado internacionalmente”, contou o coordenador da Comissão Anticorrupção do Instituto Brasileiro de Direito Empresarial, Carlos Ayres, que coordenou esse debate. Ele recolheu essa impressão na 5ª Conferência das Partes Signatárias da Convenção da ONU de Combate à Corrupção, encerrada na semana passada. “Além disso, tem contribuído para a melhoria da imagem do Brasil”, disse Ayres, “o fato de que 1.266 pessoas foram presas por questões relativas a corrupção em 269 operações da Polícia Federal em 2012”.

A implementação de práticas anticorrupção no nível global foi abordada também na mesa “Avanços e Desafios para a Transparência Corporativa”. “É importante conectar países emergentes para troca de experiências anticorrupção”, disse Markus Beck, que atua com essa perspectiva como coordenador do Programa de Parcerias Globais em Mercados Emergentes da GIZ, agência de cooperação internacional da Alemanha. “A corrupção não para nas fronteiras nacionais, ou numa região”, justificou.

“Credibilidade, reputação e sustentabilidade são resultados da aplicação de um programa de compliance”, pontuou o diretor da Embraer, Pyter Stradioto. Esses programas dentro das empresas visam garantir o cumprimento de regulamentos internos e externos de aderência voluntária ou impostos às atividades da organização. “Compliance é uma forma de instrumentalizar o código de ética e conduta da companhia; não é algo que se copia e cola de alguém ou de alguma empresa”, explicou.

Por isso mesmo, “as companhias devem resistir à pressão para a implantação apressada de códigos de ética e sistemas de governança”. A sugestão é de Josmar Verillo, vice-presidente do Conselho da Amarribo Brasil, ONG que desde 1999 atua no combate a práticas de corrupção. “Por pressão não funciona. A construção do código de ética deve se basear em valores efetivamente assumidos pela empresa. A pressão pode desmoralizar a iniciativa, porque os próprios executivos acabam violando os preceitos para atender a situações imediatas”, disse Verillo, que tem assento no conselho de administração de várias companhias.

Governança e ética

“Governança corporativa é indissociável de ética e transparência”, defendeu o professor Lelio Lauretti, do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). “O objetivo do código de conduta é elevar o nível de transparência na cultura organizacional”, acrescentou, ao identificar a necessidade de aproveitar o marco regulatório anticorrupção para exigir mais prestação de contas tanto dos administradores públicos quanto das empresas.

A defesa do professor Lauretti, um dos fundadores do IBGC, confirmou a avaliação apresentada na abertura do Seminário Anual do Pacto pela Integridade e contra a Corrupção pelo presidente do Instituto Ethos, Jorge Abrahão. Entre outras ações do Pacto no período, ele destacou que foi realizado um intenso acompanhamento das iniciativas das empresas participantes por meio de um questionário de monitoramento, um dos requisitos para sua permanência como signatárias. E isso culminou na exclusão de 133 empresas que não atenderam essa exigência.  “Hoje a gente pode dizer que o Pacto tem 237 empresas fortemente qualificadas e comprometidas com todo o processo.”

Abrahão destacou também “o papel da mobilização da sociedade civil na luta pela transparência e contra a corrupção”. Disse que “este ano foi ótimo, de conquistas importantes, como as leis da Ficha Limpa, de Acesso à Informação e de Responsabilização Civil”. Agora, segundo ele, “o desafio é fazer uma regulamentação forte da Lei Anticorrupção”, que vai fortalecer “o processo de construção de um ambiente de negócios com maior integridade e menos corrupção no Brasil”.

O encontro contou com o apoio das empresas Alstom, Banco do Brasil, Infraero e Shell, patrocinadoras do Grupo de Trabalho do Pacto pela Integridade, além de Alcoa, CPFL Energia, Natura, Vale e Walmart, parceiras institucionais do Ethos.

Fonte: Sávio de Tarso/Instituto Ethos

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Faltam servidores para ajudar no combate à corrupção, diz Janot

A insuficiência no número de servidores públicos nos órgãos federais de controle tem dificultado as ações de combate à corrupção e improbidade administrativa. A avaliação é do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. "Isso compromete realmente o sistema de controle. A gente tem que trabalhar para incentivar ou fortalecer esses órgãos parceiros, para que eles possam atuar em toda a sua plenitude", disse nesta segunda-feira o procurador, em evento sobre combate à corrupção.

Janot classificou a corrupção como um tema sensível ao bem-estar social e à democracia e citou uma pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) que avalia entre 1,5% e 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB), os recursos desviados anualmente no Brasil com crimes de corrupção.

"Todo o dinheiro que você tira com a corrupção é o dinheiro que falta para a saúde, para a educação, e para a segurança. A corrupção, além de ser causa para a deficiência nos serviços públicos, também é barreira para a recuperação dos mesmos serviços", afirmou.

Durante o evento em comemoração ao Dia Internacional Contra a Corrupção, foram apresentados dados que mostram a deficiência de servidores em órgãos essenciais para o controle das contas públicas, como a Controladoria-Geral da União (CGU), que estaria com um déficit de 1,3 mil servidores para atua na análise de financiamento e controle.

"Temos a preocupação de que o governo esteja abdicando de maior controle das contas públicas, pois tais recursos não sofrem fiscalização efetiva pelos órgãos passadores", disse a coordenadora da 5ª Câmara de Coordenação e Revisão da Procuradoria-Geral da República, Denise Vinci.

Segundo Denise, as auditorias quanto a R$ 50 bilhões empenhados este ano na área da saúde, feitas pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus), "vão sendo restringidas à amostragem, pois eles têm um quadro ínfimo de 127 servidores". O mesmo problema existe na fiscalização de recursos da educação, de acordo com ela. "No caso do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), eles têm um déficit 645 servidores, 57% do quadro, e por isso as fiscalizações envolvendo os R$ 14 bilhões do fundo se restringirão ao aspecto formal, ou seja, à análise da papelada", disse.

O ministro-chefe da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage, reconheceu a defasagem de servidores e defendeu a importância de parcerias entre os órgãos para dar mais efetividade ao combate à corrupção. "É fundamental que haja esse intercâmbio, não só de informações, mas de investigações, para que se possa fazer frente à corrupção", disse Hage

De acordo com Hage, também é preciso que a Justiça reduza o número de recursos nas ações judiciais que tratam de corrupção. "É preciso reduzir os recursos jurídicos, principalmente para os réus endinheirados, pois eles fazem com que uma ação dure em média 15 anos e, com isso, o crime acaba prescrevendo, o que leva à sensação de impunidade", disse o ministro, que defendeu a reforma do processo judicial ao lado da reforma política, como medidas essenciais para o combate à corrupção.

Hage disse que a prisão dos condenados no processo do mensalão é importante, mas que os verdadeiros símbolos da corrupção no País ainda estão soltos. Dados da pesquisa internacional sobre percepção da corrupção, divulgados na última terça-feira (3) mostram que o Brasil caiu três posições em relação ao ano passado, ficando em 72º lugar no "ranking".

Fonte: Agência Brasil

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RAPS abre processo seletivo 2014 para Rede de Líderes Políticos

A Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS) está com inscrições abertas para o processo seletivo 2014 da Rede de Líderes Políticos por um Brasil Sustentável.  Até 12 de janeiro, os interessados podem se inscrever gratuitamente para participar dos projetos Líderes RAPS, Empreendedores Cívicos ou Jovem RAPS.

O primeiro tem como objetivo ampliar o número de políticos com mandato comprometidos com os valores e princípios da ética e da sustentabilidade. O projeto Empreendedores Cívicos visa a potencializar a participação da sociedade na vida política do país por meio do engajamento os temas da política e do controle social. Já o projeto Jovem RAPS tem como foco estimular a participação da juventude nas experiências de práticas cidadãs, fomentando o surgimento de novos protagonistas na vida pública.

A partir de março de 2014, os selecionados para estes projetos receberão formação e capacitação gratuitas em cursos, palestras, seminários e eventos com os melhores consultores e cientistas políticos do Brasil e do exterior, como o professor Steve Jarding, da Universidade de Harvard (EUA), especialista em planejamento de campanhas eleitorais.

O processo seletivo contará com rigorosa análise curricular e entrevista. As inscrições devem ser feitas em formulário específico no site http://www.raps.org.br/inscricao/users/edital.

A RAPS é uma entidade civil, sem fins lucrativos, de natureza apartidária e com pluralidade ideológica, cuja missão é contribuir para o aperfeiçoamento da democracia e do processo político brasileiro por meio, principalmente, da identificação e apoio a atuais e novas lideranças políticas. A RAPS se propõe a ser uma resposta de como é possível empreender na política de forma inovadora por um Brasil ético e sustentável.

SERVIÇO:
O que: Processo Seletivo da Rede de Líderes Políticos por um Brasil Sustentável
Projetos: Líderes RAPS, Empreendedores Cívicos e Jovem RAPS
Prazo:  12 de janeiro de 2014
Inscrições: gratuitas
Mais informações: www.raps.org.br
Contato: raps@raps.org.br
Telefones: 3079-2665 e 3079-2723

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STF julga ação contra financiamento de empresas às campanhas eleitorais

Nesta quarta-feira, 11, o Supremo Tribunal de Justiça (STF) julga a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4650 que prevê que sejam extintas os financiamentos de empresas às campanhas eleitorais e requer que seja estabelecido um limite para as doações feitas por pessoas físicas. A proposta é do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e dispõe sobre os mesmos aspectos da proposta de iniciativa popular pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas no quesito financiamento de campanha que proíbe pessoas jurídicas de fazer doações direta ou indiretamente

As ADIs tem o objetivo de declarar que uma lei ou parte dela contraria a Constituição Federal. Assim, o Conselho Federal da OAB pede que sejam declarados inconstitucionais alguns dispositivos da legislação eleitoral (Leis 9.096/95 e 9.504/97).

“Tanto a ADI como a proposta popular preveem a exclusão do financiamento por empresas e a manutenção das doações por pessoas físicas, com uma limitação do valor, independente da renda”, explicou Ramon Bentivenha, membro do Conselho Federal da OAB. Em poucas palavras, a pessoa mais rica do Brasil poderia doar no máximo o mesmo que um eleitor comum.

No projeto Reforma Política Democrática e Eleições Limpas fica estabelecido que o candidato beneficiado pode até ter o registro cassado. A proposta do texto de iniciativa de iniciativa popular estabelece que cada eleitor pode doar aos partidos até R$ 700.

Segundo Ramon, o retorno que a pessoa jurídica tem quando o candidato vence é alarmante. “Para cada real investido em uma campanha eleitoral as empresas recebiam cerca de R$ 8,50, caso o candidato delas fosse eleito”, revelou.

Além disso, outro problema apontado no caso de financiamentos de empresas é que a influência do poder econômico acaba determinando quem será eleito por conseguir realizar campanhas milionárias. 

Mesmo que o STF declare a inconstitucionalidade de parte da legislação eleitoral em vigor, talvez a medida não seja válida para as eleições de 2014. Devido a proximidade com a próxima disputa eleitoral, o mais provável é que o Supremo Tribunal Federal estabeleça um período de adaptação.

A AMARRIBO Brasil apoia o projeto Reforma Política Popular e Eleições Limpas e também defende que o STF derrube as doações de empresas aos políticos.

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Dia Internacional Contra a Corrupção: o que o Brasil tem a comemorar?

Há exatos 10 anos surgia a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção com o objetivo de fortalecer a cooperação internacional na prevenção e combate à corrupção. Hoje são 165 países signatários, entre eles o Brasil.

Enfrentar a corrupção é uma tarefa árdua que requer muito esforço e abnegação. É um grande desafio. São inúmeras as dificuldades. Ainda assim, iniciativas da sociedade civil vem surgindo e se consolidando em todo o País. O exercício da cidadania e do controle social da gestão pública ganhou relevância e visibilidade com novas ferramentas de mobilização como a internet e as redes sociais.

Em 2009, a Lei da Transparência inovou ao determinar a publicação em tempo real de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Boa parte dos municípios brasileiros ainda não se adequou à LC 131 e é necessário e urgente que o Governo Federal envide maiores esforços para o seu cumprimento, inclusive com a aplicação das sanções previstas na própria Lei. 

Também em 2009, no âmbito do Fórum Social Mundial, surgiu a ABRACCI – Articulação Brasileira Contra a Corrupção e Impunidade. Atualmente são 54 organizações atuando em rede para a construção de uma cultura de não corrupção para uma sociedade justa, democrática e solidária.

A Lei da Ficha Limpa, de iniciativa popular, aprovada em 2010, já impediu mais de 1000 candidatos fichas sujas de participarem das eleições. A sociedade brasileira presenciou recentemente tentativas de abrandamento da lei da Ficha Limpa e reagiu prontamente. 

Em 2011 foi promulgada a Lei de Acesso à Informação Pública, que regulamenta o direito de acesso à informação garantido pela Constituição Federal e obriga órgãos públicos a considerar a publicidade como regra e o sigilo como exceção. Se a sociedade se apropriar dela como deve, a LAI pode se tornar um dos principais instrumentos para o exercício do controle social.

Ainda em 2011 o Brasil tornou-se signatário da Parceria para Governo Aberto (OGP), iniciativa internacional que pretende difundir e incentivar globalmente práticas governamentais relacionadas à transparência dos governos, ao acesso à informação pública e à participação social.

Em 2012 o Brasil realizou sua primeira Conferência Nacional sobre Transparência e Controle Social. A 1ª CONSOCIAL elencou em seu relatório final 80 propostas para fortalecer o combate à corrupção. É fundamental que a sociedade civil assuma essas propostas e reivindique sua implementação. 

Em maio de 2013 entrou em execução uma versão preliminar do 2º Plano de Ação Brasileiro do OGP, com 45 compromissos e desenvolvido conjuntamente pelo Governo Federal e por diversos setores da sociedade civil.

Em junho de 2013 o Brasil foi às ruas.  Redes que combatem a corrupção no país foram fortalecidas e contribuíram para barrar retrocessos como a PEC 37. Avançou-se com a extensão da Ficha Limpa para todos os níveis da gestão pública e com o fim do Voto Secreto Parlamentar. Mais recentemente ainda foi aprovada a Lei Anticorrupção Empresarial que dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira e dá outras providências.

Desde 2003 até o momento, a Controladoria Geral da União (CGU) demitiu ou destituiu 4.481 servidores públicos. Em 2013 a PF fez 172 operações de combate à corrupção detendo 940 pessoas, inclusive servidores públicos. Temos hoje no Brasil 2.703 presos por crimes relacionados à corrupção.

Neste momento a sociedade brasileira também se mobiliza por uma Reforma Política Democrática e por Eleições Limpas.

A 72ª posição do Brasil entre os 177 países avaliados em 2013 pelo Índice de Percepção da Corrupção da Transparência Internacional mostra que a corrupção no País ainda é alarmante. E que apesar de todas as conquistas, ainda há muito a fazer para erradicar a cultura da corrupção, dando lugar à cultura da ética, da transparência, da excelência na gestão pública.  

A ABRACCI celebra nesta data, 9 de dezembro, Dia Internacional de Combate à Corrupção, as conquistas brasileiras nessa luta e convida cada cidadã e cidadão a unir forças nesta luta. A mobilização popular não pode parar!

ABRACCI – Articulação Brasileira Contra a Corrupção e a Impunidade

Sobre a ABRACCI
A Articulação Brasileira contra a Corrupção e a Impunidade – ABRACCI – é uma rede, criada em janeiro de 2009 durante as atividades do Fórum Social Mundial com o apoio da Transparência Internacional, que tem a missão de contribuir para a construção de uma cultura de não corrupção e impunidade no Brasil por meio do estímulo e da articulação de ações de instituições e iniciativas com vistas a uma sociedade justa, democrática e solidária. A AMARRIBO Brasil é integrante da ABRACCI.

Mais informações
www.abracci.org.br
www.facebook.com/redeabracci

Informações para imprensa
Secretaria Executiva da ABRACCI
Nicole Verillo – nicoleverillo@amarribo.com.br

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Promotor aciona ex-prefeito e mais 11 por fraude a licitações

O promotor de Justiça Marcelo de Freitas propôs ação civil pública contra 12 pessoas por ato de improbidade administrativa, em razão de fraude a diversas licitações em Cachoeira Dourada. De acordo com o promotor, as licitações foram “fabricadas” para impedir futuros questionamentos sobre sua lisura, ficando comprovado o fracionamento de despesas, o que gerou a ocorrência de modalidade licitatória mais simplificada e com menor publicidade.

Foram acionados o ex-prefeito Robson Silva Lima, o ex-assessor jurídico Vladmir Alves de Rezende Moura, além de Rodrigo Almeida, vice-prefeito; Aline Castanheira, secretária de Controle Interno; José Carlos Júnior, secretário de Finanças, e ainda João Luiz Jorge, Marta de Lima, Joel da Silva, Alessandra Reis, Andreza Alves, Eli Sousa e Ivson Garcia.

As ilegalidades

Um dos fatos aconteceu em 2009, quando o Executivo municipal abriu licitação para contratação ilegal do assessor jurídico. No esquema, João Luiz e Marta de Fátima figuraram como interessados, simulando a participação no processo e, como dependia também da atuação de agentes públicos, entraram em cena o prefeito; o vice, os secretários de Controle Interno e de Finanças, além dos membros da comissão de licitação Joel, Alessandra, Andreza, Eli e Ivson.

Outra ilegalidade aconteceu naquele mesmo ano, quando foi aberta licitação fraudulenta para contratação de assessor jurídico para o Fundeb de Cachoeira Dourada e, como no convite anterior, o processo foi forjado, tendo como beneficiário novamente Vladmir.

O promotor esclarece que não bastassem os vícios dos convites citados, bem como os indícios em relação a um terceiro, foi feito o fracionamento de despesas, o que é proibido pela Lei de Licitações, resultando num prejuízo de mais de R$ 200 mil aos cofres públicos.

Fonte: Cristiani Honório/Assessoria de Comunicação Social do MP-GO

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Dia Internacional Contra a Corrupção

A Controladoria Regional da União no Estado de São Paulo realiza no dia 9 de dezembro o painel “O Papel das Empresas no Combate à Corrupção” e lança, pelos Correios, um selo em comemoração ao Dia Internacional Contra a Corrupção. As inscrições para o evento são gratuitas e limitadas.

Na programação está prevista a participação de três palestrantes: Renato de Oliveira Capanema, coordenador –geral de Integridade da Diretoria de Promoção da Integridade, Acordo e Cooperação Internacional – Controladoria-Geral da União; Bruno Videira, coordenador de projetos de políticas publicas do Instituto Ethos e Cristiano Monteiro Bueno, gerente de complaince da Diretoria de Gestão de Riscos e Controles Internos da CPFL Energia.

SERVIÇO
Evento: Comemoração do Dia Internacional contra a Corrupção
Data: 9 de dezembro de 2013
Horário: 14 horas
Local: Diretoria Regional dos Correios de São Paulo Metropolitana – Auditório Ayrton Senna;
Endereço: Rua Mergenthaler, 592, Bloco II, 1º andar – Vila Leopoldina, São Paulo (SP);
Informações:  (11) 2113-2510 e (11) 2113-2890 ou cgusp-nap@cgu.gov.br;
Inscrições: Para inscrever-se, clique aqui.

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Dia de Combate à Corrupção em Cariacica

O município de Cariacica (ES) realiza no dia 9 de dezembro um evento em celebração ao Dia Internacional e Estadual de Combate à Corrupção.

A intenção é incentivar e conscientiza a sociedade civil sobre a importância da luta contra a corrupção, uma vez que ela prejudica o progresso social e favorece a desigualdade e injustiça.

O evento reunirá autoridades públicas municipais, estaduais e federais, sociedade civil e órgãos reguladores.

A Diretora de Combate à Corrupção da Amarribo Brasil, Lizete Verillo, comandará o evento e fará a palestra “Importância do Combate à Corrupção: causas principais e medidas de combate”.

Além disso, representante da prefeitura municipal apresentará o andamento dos projetos indicados pelo Sistema de Integridade Municipal (SIM), entre eles, o Portal da Transparência e a criação do Conselho Municipal de Transparência Pública e Combate à Corrupção.

Confira a programação aqui.

SERVIÇO
Evento: Dia Internacional e Estadual de Combate à Corrupção
Data: 9 de dezembro
Horário: 14h
Local: Auditório do Sest/Senat
Endereço: rodovia Governador José Sette, KM 0,5, Trevo Alto Lage, Cariacica – ES
Inscrições: Não é necessário se inscrever antecipadamente
Informações: 3346-6136

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Transparência das cidades-sedes da Copa 2014 melhora, mas oito não chegam a 50% da nota

O Instituto Ethos divulgou nesta terça-feira (3/12), em São Paulo, o resultado da segunda aplicação dos Indicadores de Transparência Municipal das cidades-sede da Copa 2014. Brasília, Porto Alegre e Belo Horizonte foram os destaques positivos, superando os 70 pontos no índice que vai de zero a 100. Natal foi o destaque negativo, pois diminuiu a pontuação em relação à primeira edição.

Veja os dados completos dos Indicadores de Transparência

O levantamento mostrou uma evolução em relação a novembro de 2012, quando foi publicada a primeira edição. Na ocasião, nenhuma das doze cidades-sede ultrapassou os 50 pontos. As mais bem colocadas foram Porto Alegre e Belo Horizonte, com respectivamente 49,92 e 49,86 pontos. Todas as outras cidades obtiveram menos de 19 pontos, na época.

Na edição de 2013, o Governo do Distrito Federal assumiu a ponta do ranking com 77,26 pontos, seguido de Porto Alegre e Belo Horizonte, novamente quase empatados, com 71,82 e 70,33. As três foram classificadas com um nível alto de transparência pelo Instituto. A cidade do Rio de Janeiro foi outra que ultrapassou a marca de 50% no índice, mas por muito pouco, fazendo 50,37 pontos.

Já Cuiabá bateu na trave, e nessa edição fez 49,08. A capital mato-grossense é um exemplo de como é possível melhorar em pouco temo. No levantamento de 2012 ela foi a mais mal avaliada, com apenas 10,38 pontos.   Curitiba, com 45,87, se junta a Cuiabá e Rio de Janeiro na trinca de cidades classificadas com nível de transparência médio.

Quatro cidades foram classificadas com transparência baixa: São Paulo, Recife, Manaus e Fortaleza. Fecham a lista das duas piores cidades, com nível muito baixo de transparência: Salvador e Natal. Na aplicação de 2013, a capital potiguar fez apenas 12,21 pontos, três a menos do que em 2012, quando fez 15,75.

 

 

O que são os indicadores?

Os Indicadores de Transparência, umas das ações do projeto Jogos Limpos Dentro e Fora dos Estádios, são uma ferramenta que permitem medir de maneira objetiva a transparência e os canais de participação da população em relação aos investimentos públicos para a realização do Mundial de 2014.

“As ferramentas que estão sendo construídas agora para a Copa, poderão ser usadas também no após o evento”, explicou Jorge Abrahão, presidente do Instituto Ethos. Abrahão anunciou também que a avaliação dos indicadores de transparência continuará a ser feita depois de 2014, mas sem o foco exclusivo na Copa do Mundo, em uma iniciativa coordenada pela Articulação Brasileira de Combate a Corrupção e Impunidade (Abracci) e a Amarribo Brasil.

A nota do Índice é composta por 90 perguntas que avaliam o nível de transparência em duas dimensões: Informação e Participação. Na primeira parte, são avaliados tanto o conteúdo relevante disponibilizado ao cidadão como a qualidade dos canais de comunicação usados para difundir essas informações, tais como os portais de internet, telefones e as salas de transparência. No quesito Participação, são analisados a realização de audiências públicas e o funcionamento das ouvidorias.

As perguntas tratam de questões como: Matriz de Responsabilidade está disponível nos site? A Execução Orçamentária Geral é divulgada? O site permite download da base de dados? Existe espaço físico para o cidadão fazer pedidos de acesso informação sobre a Copa? O telefone para solicitar informação é gratuito?

Cidade de Referência

A transparência das cidades-sede ainda pode melhorar e atingir um nível muito alto de transparência. Para isso, os governantes só precisam trocar experiência entre si.

Isso é o que mostra a simulação da Cidade de Referência, que seria uma cidade que reunisse o melhor de cada uma das outras. Na aplicação de 2013, a nota dessa cidade fictícia seria 94,45 e seria classificada como de transparência muito alta.

Essa nota mudou em relação ao último ano. Em 2012, essa simulação mostrava uma cidade com 75,02, uma nota menor do que Brasília atingiu neste ano.

Na avaliação de Jorge Abrahão, esse crescimento das notas das cidades “traz esperança nesse processo de garantir mais transparência nas administrações publicas”.

Indicadores de Transparência Municipal – 2012 e 2013 | Create infographics

Conheça alguns destaques positivos e negativos encontrados no estudo dos indicadores.

Destaques Positivos:

– Renúncias fiscais para a Copa – Duas cidades, Belo Horizonte e Porto Alegre, divulgam em seus portais a relação das renúncias fiscais feitas até agora para a Copa 2014. Essa informação é essencial para fechar o valor final do mundial
– Serviço de Informação ao Cidadão – Nove cidades já tem esse serviço. Um ano atrás, só duas tinham
Analisando a classificação do nível de transparência, em 2012, 10 cidades estavam como muito baixo e duas, como médio. Agora, três cidades foram classificadas como alta, três cidades como médio, quatro como baixa e só duas como muito baixo.

Destaques Negativos

– Relação com população diretamente atingida – Nenhuma cidade apresenta agenda de reuniões com população diretamente atingida pelas obras da Copa ou Canal específico de comunicação. Essa situação repete o quadro encontrado nos Estados. Única exceção é Brasília. Por conta do estádio e das obras de mobilidade não implicam em desapropriações ou remoções, bem como não haver relatos sobre vendedores ambulantes que atuassem na região do Estádio antes da reforma. Na avaliação da capital federal nos Indicadores, esses quesitos foram considerados como “não aplicáveis”.
– Justificativa para suplementações e remanejamentos orçamentários – Nenhuma cidade apresenta as justificativas das suplementações e dos remanejamentos orçamentários. Esse quadro também se repete para os Estados, sendo que o Ceará é o único que apresenta essas justificativas, mas apenas para uma parcela das obras da Copa.
– Justificativas de dispensa ou inexigibilidade de licitação – Só Belo Horizonte divulga essa informação
– “Páginas Amarelas” -Somente quatro cidades divulgam os nomes, cargos e contatos dos servidores públicos (Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e São Paulo).

Fonte: Instituto Ethos
Publicado originalmente em: http://www.jogoslimpos.org.br/destaques/transparencia-das-cidades-sede-da-copa-2014-melhora-mas-oito-nao-chegam-a-50-da-nota/

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IPC 2013: Semáforos nas Américas – salvam vidas ou são apenas decorações urbanas?

Imagine uma cena em Buenos Aires, Caracas, ou em qualquer outra cidade em uma capital das Américas: são 10h30 e você está no seu carro correndo para um compromisso para o qual você já está atrasado. O semáforo está no vermelho. Você olha para a direita, não há carros vindo, olha para a esquerda, ninguém. Você pode atravessar o sinal vermelho ou esperar. O que você faz?

Em um mundo ideal,  o sinal vermelho deve ser o suficiente para impedi-lo de atravessar o cruzamento. No entanto, na prática, esta situação comum de trânsito mostra que você pode quebrar a lei para ganhar algum tempo ou seguir as regras e esperar.

Sua decisão provavelmente é influenciada por vários fatores, por exemplo, o quão importante é o seu compromisso. Mas vamos nos concentrar sobre a decisão baseando-se na probabilidade de se meter em encrencas. Sem carros ou pessoas por perto, a possibilidade de um acidente é pequena, portanto a única preocupação é que você seja pego cruzando o sinal vermelho e, consequentemente, terá que pagar uma multa (ou suborno). Isso afeta diretamente o  seu bolso e fará você perder ainda mais tempo.

Assim, como esse simples exemplo ilustra, mesmo com uma boa lei em prática – neste caso, representada pelo semáforo vermelho – há um efeito limitado se você sente que pode violar a lei e ficar impune. Algo semelhante acontece com as medidas anticorrupção, como leis de transparência, planos e agências anticorrupção, códigos de ética, assinaturas de convenções internacionais de combate à corrupção, registros de interesse, declarações de bens por funcionários públicos, entre outros. Todos eles constituem um conjunto de normas fundamental para a prevenção da corrupção. Eles são essenciais, mas não suficientes.

Boas leis,  pouca efetividade

Vários países da América Latina e do Caribe têm feito progressos notáveis na criação de leis para o combate à corrupção: 21 países nas Américas têm leis de acesso à informação; 31 países são signatários da Convenção Contra a Corrupção da Organização dos Estados Americanos e 17 países estão participando da Open Government Partnership. Isso merece ser elogiado e incentivado. Então, por que o Índice de Percepção da Corrupção na edição de 2013 ainda mostra resultados ruins na região?

Verifique a pontuação média de 39 pontos na América Latina, em uma escala onde 0 é a percepção de um país altamente corrupto e 100 muito limpo. Os pontos da região estão apenas ligeiramente acima da pontuação média do Oriente Médio, do Norte da África (37) e da África Subsaariana (33) e muito abaixo da pontuação média de 66 pontos da Europa Ocidental.

A democracia eleitoral e os esforços dos governos têm sido uma característica em alguns países da região há muitos anos, e foram criadas regras e instituições para dar apoio a ambos.  Então, por que não vemos um grande progresso quando se trata da luta contra a corrupção? Lembre-se do semáforo vermelho.

Acredito que a resposta é clara. Podemos direcionar esforços em vários tipos de normas e instituições, mas quando temos drogas e armas que custam milhões de dólares atravessando fronteiras todo mês (até elefantes cruzaram a fronteira México-EUA ilegalmente), a corrupção continuará desenfreada. Exemplos locais disso são os milhares de cidadãos que pagam subornos à polícia na Bolívia, a compra de votos e o uso de recursos públicos para fins eleitorais na Venezuela, e os políticos que contratam familiares para cargos no governo, como recentemente ocorrido com os senadores paraguaios.

Em outras palavras, você pode instalar todos os semáforos que você quiser em uma cidade, mas se nenhum mecanismo real estiver no local para obrigar o "pare" quando a luz vermelha estiver acesa, eles só vão fazer parte da paisagem urbana, uma mera decoração.

Tendência decrescente

Então, sem grandes surpresas para as Américas no Índice de Percepção de Corrupção 2013: a situação ainda é grave em muitos países. Além disso, mais preocupante ainda é a América Central que mostra uma tendência decrescente. A maioria dos países da região está se movendo lentamente e para baixo nas colocações do índice.

No índice 2013 da América Central, o país que mais regrediu foi a Guatemala, que caiu quatro pontos e 10 colocações. Desta forma, o país se torna cada vez mais um local estratégico para o crime organizado, onde a população consequentemente sofre de extrema violência e insegurança. Grupos obscuros de interesses privados estão acabando com o quadro institucional no país, tornando a corrupção um fardo diário. O grande paradoxo é que o presidente Pérez Molina declarou 2013 como o Ano da Transparência.

Sem falar que a corrupção também é uma característica da América do Norte. Enquanto a colocação dos EUA fica estagnada, a pontuação do Canadá caiu três pontos neste ano. A fim de evitar uma maior queda da pontuação nos próximos anos, o país precisa continuar reforçando a sua infraestrutura de combate à corrupção e impor o seu uso. Em outras palavras, ao acender a luz vermelha certificar-se que aqueles que violam a lei serão filmados por uma câmera e uma multa será enviada pelo correio no dia seguinte. Não há desculpa justificável para os EUA, principal economia do mundo e uma das democracias mais antigas, para não estar entre os três melhores desempenhos no Índice de Percepção de Corrupção.

Cumprir as regras de combate à corrupção e exigir o fim da impunidade não é apenas trabalho de alguns funcionários públicos ou legisladores. Isso exige vontade política de quem está no poder, de todos os campos políticos e da certeza dos cidadãos de que a corrupção prejudica a todos nós e pode ser interrompida.

Pessoalmente, eu não quero viver em uma cidade onde semáforos não funcionam. Isso resultaria em acidentes, sangue e vidros quebrados, caos e imprevisibilidade. Da mesma forma, eu não quero viver em um país onde a corrupção corre livre.

Por Alejandro Salas, Diretor Regional das Américas da Transparência Internacional

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